Covid-19: ONG angolana denuncia aumento de violência doméstica devido à quarentena
A
Organização Não-Governamental angolana "Observatório do Género"
apelou hoje à Polícia Nacional que disponibilize um contacto para a denúncia de
casos de violência doméstica, devido ao aumento registado em tempo de
isolamento social devido à covid-19
Segundo a directora executiva do Observatório do Género,
Delma Monteiro, desde o início do confinamento a ONG está a realizar a campanha
"Quarentena sem violência"
"Começou no período de quarentena e está a continuar
agora neste período de isolamento social. Nós queremos apelar a menos violência
e também à polícia para disponibilizar um número de emergência para as vítimas
poderem ligar", disse Delma Monteiro, em declarações hoje à agência Lusa
Na semana passada, foram registadas quatro denúncias de
situações de violência doméstica, através das redes sociais, em que as vítimas
foram mulheres e crianças
Delma Monteiro referiu que estão a acontecer muitas situações
de violência, "porque as pessoas estão em casa e, na verdade, as famílias
não estão habituadas a gerir as tensões familiares do lar"
"As pessoas chegam a casa depois de um dia cansado de
trabalho, as crianças estão de um lado a fazer as tarefas, a esposa está sempre
conectada às tarefas domésticas e o marido está a assistir ao telejornal. Agora
escola, então há uma tendência de se descarregar a pressão no mais fraco, que
que não têm as domésticas em casa, agora que as crianças não estão a ir para a
normalmente são as crianças e as mulheres", acrescentou
"O homem já não está muito satisfeito de estar de manhã
até à noite em frente à televisão, ter que ouvir os gritos das crianças, porque
a criança não pode ir para a rua para não se expor, a esposa ter que estar a
também saturada", descreveu a activista especializada em questões do
lidar com todas as questões do lar, a limpeza, cozinha e tudo o resto, ficando
género
Então, segundo Delma Monteiro, isso está "a fazer
explodir a violência, porque as pessoas não aprenderam a lidar com as tensões
do lar e a rua sempre foi um escape"
"Queremos fazer um apelo à Polícia Nacional para
disponibilizar um número de vítimas à violência doméstica, que estão a ser
maioritariamente mulheres e crianças, que estão a sofrer violência em casa com
os esposos e que não têm como ser socorridas", acrescentou
Delma Monteira acredita que, com esta nova realidade, há
muitas pessoas que vão conseguir conviver, reconstruir as suas relações
familiares, "redesenharem-se", mas há também uma grande
possibilidade, como se está a verificar em outros países, como o Brasil, de
aumentar o número de divórcios e de famílias afastadas
"Acho que era importante termos em mente que, de facto,
há toda uma problemática em torno da situação de confinamento que deve ser
acautelada", sublinhou
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