Condenação de Augusto Tomás foi "encomenda política"
A condenação do antigo ministro dos transportes angolano Augusto Tomás a 14 anos de prisão mereceu hoje fortes criticas do seu advogado, mas foi vista por um politico da oposição como algo de positivo para a independência do sistema judicial angolano. Tomás foi até agora um dos mais destacados dirigentes da elite governamental a ser levado a tribunal por crime de corrupção
O antigo ministro era acusado dos crimes de peculato, associação criminosa, abuso de poder, violação das normas de execução do plano do orçamento, participação económica em negócio, branqueamento de capitais, recebimento indevido de vantagem e compulsão
Além de Tomás, outros cinco ex-directores do Conselho Nacional dos Carregadores (CNC) foram também condenados: Isabel Bragança, condenada a 12 anos, Rui Manuel Moita, a 10 anos, e Eurico Pereira da Silva, a dois anos de cadeia
Os advogados recorreram da sentença pelo que a pensa está suspensa até á decisão sobre o recurso. O advogado Sérgio Raimundo insurgiu-se contra a decisão do tribunal afirmando ter sido influenciada por questões políticas
“É uma encomenda política e não tenho receio de afirmar isso”, disse o advogado que acrescentou estar confiante no recurso que interpôs. Contudo acrescentou que pode deixar de exercer a advocacia no país “porque não há condições para a exercer”
O deputado Lindo Bernardo Tito da Casa CE disse considerar que “nas perspectiva do julgador a justiça foi feita”. “A justiça tem que funcionar assim de forma isenta e imparcial estando apenas dependente da lei e da consciência do próprio julgador”, acrescentou
O activista Nuno Alvaro Dala considerou, no entanto, ser ainda muito cedo para se dizer se o julgamento significa uma nova era de imparcialidade na justiça angolana, sendo por isso necessário esperar para ver se haverá outros julgamentos do género
“Nós não sabemos até que certo ponto Augusto Tomás terá sido sacrificado por uma questão de necessidade dentro de um estratégia qualquer do regime de renovar-se e por isso ter que sacrificar alguns dos seus membros para sobrevivência do grupo hegemónico”, disse
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