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Covid-19. Contingente de médicos cubanos a caminho de Angola


Não são os milhares que chegaram em outubro de 1975, mas são os primeiros 250 médicos cubanos que se juntarão a Angola na próxima semana para ajudar o país a colmatar a preocupante falta de imunidade do seu sistema de saúde pública, perante o avanço da pandemia de covid-19
 
Quarenta e cinco anos depois de, em vésperas da independência, terem desembarcado em Luanda com armas e bagagens na sua primeira missão em África, os cubanos regressam a Angola para uma nova missão de vida. Já não estão em causa a Guerra Fria nem a descolonização e a subsequente guerra civil, mas uma crise de saúde mundial
 
O desembarque far-se-á por isso, desta vez, com máscaras, meios técnicos e saber científico, para ajudar o Governo angolano a salvar vidas. É um primeiro contingente que responde ao apelo endereçado a Havana pelo Presidente João Lourenço.
 
Com duas mortes em sete casos de covid-19 importados de Portugal e do Brasil, as autoridades de Luanda estão empenhadas na conversão parcial de alguns hospitais em centros especializados de apoio ao tratamento da doença. “A clínica Girassol já está equipada em recursos técnicos e humanos para isso, mas as consultas de rotina foram suspensas”, revelou ao Expresso fonte desta unidade hospitalar
 
BOAS MEMÓRIAS DA GUERRA
 
A vinda dos cubanos, contratados para acudir a situações de emergência neste e noutros hospitais, está a ser saudada em diversos círculos. “Têm conhecimento científico e um espírito de voluntariado que vai ser providencial para travar o alastramento desta e de outras patologias”, afirmou ao Expresso o médico Laureano Dinis
 
Angola recorre à ajuda de médicos cubanos após uma experiência muito eficaz durante o período da guerra. “Prestaram um auxílio inestimável, sobretudo na assistência médica às populações do interior do país, onde os médicos angolanos se recusavam a cumprir missões, e na ministração de aulas na Faculdade de Medicina e nos Institutos de Saúde”, recorda um antigo governante
 
Angola espera pela chegada, em breve, de uma encomenda de ventiladores, máscaras, respiradores, testes e material de higienização para colmatar a enorme falta desses equipamentos nos hospitais locais
 
FLUXO NAMIBIANO
 
Apesar de as fronteiras terem sido encerradas desde o fim de semana, Angola continua a registar um fluxo anormal de entrada, por via terrestre, a partir da Namíbia de cerca de 150 pessoas por dia
 
Perante esta situação, que tem criado entraves ao controlo epidemiológico do novo coronavírus nas províncias fronteiriças do Cunene e Namibe, João Lourenço enviou uma missão governamental para pôr em marcha um plano de contingência para travar o alastramento do surto migratório

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